sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

chuva

Maria acordou sem vontade de ver a cor da vida. Sem vontade de ter que se levantar daquela cama quente, se afastar de sua coberta, que já não se separava desde quando tinha apenas 7 anos, de calçar suas havaianas, rastejar-se até ao banheiro e literalmente enfiar a cabeça debaixo de água fria, o mais fria possível. Maria não queria, mesmo que essa rotina fosse a que ela mais adaptara. Maria acordou sem vontade de ver o sorriso do sol, de sentir qualquer brisa fresca que fosse em seu rosto enquanto caminhava até seu trabalho. Maria, não queria, não queria mesmo ter que sentar-se naquela cadeira e esperar o dia passar, resolvendo problemas infinitos. Ora, nem os próprios problemas resolvo, porque resolver isto? Pensava Maria. Maria acordou com raiva do mundo. Quis que tudo acabasse ali mesmo e que nada nunca tivesse acontecido. Que lugar era esse que ela vivia onde pessoas não eram pessoas, mas sim, apenas objetos de decoração, compondo a paisagem, preenchendo um espaço? Que lugar era aquele?
Maria estava muito cansada. Sentia uma enorme falta de seus tantos abraços diários recebidos durante seu longo dia. Pesado, cansativo, corrido, mas haviam tantos abraços, tantos sorrisos. E agora? Não reconhece mais as ruas que anda, os rostos que se depara. Parece que tudo se mecanizou pela necessidade de sobreviver independentemente. Que finalmente as pessoas tinham levado a sério, mas bem a sério mesmo a história do “desapegar e ser independente”. Não era por esse lado. Não era. As pessoas não entenderam realmente o que deveria ser. Maria doía. Rolou mais uma vez na cama, e finalmente conseguiu abrir os olhos. Olhando o teto, virou sua cabeça para a janela. E lá fora ela viu que aquele dia seria um dia daqueles. Aqueles que lhe trazem angústia e nostalgia de viver. Lá fora? Bom, lá fora chovia. Chovia uma chuva fina, sem graça, mas chovia. Maria odiava esses dias. Para ela eram os piores. Decidiu realmente não se levantar. Ao inferno com tudo. Virou-se, fechou os olhos, e desejou muito profundamente, mas muito mesmo, não ter que se levantar daquela cama, nunca mais!

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Chuva

Chuva é coisa ruim
Faz o mato crescer
Mato é praga
Vai até minha janela
Falo da cachorra molhada
Que não tem o que fazer na chuva
Dei afeto a ela e me molhei.
E essa praga não me faz crescer
Falo da chuva

terça-feira, 30 de novembro de 2010

tema? Ócio!

Pobre homem implora ao ócio:
- Cai fora, meu caro,
Passe longe que te expurgo,
Vai direto pro inferno.

Só, sem beiras que te aquecem,
Nem eiras que lhe sustentam,
De joelhos ainda implora:
- Vai-te embora, desgraçado.

Sem veneno que o espante,
Sem remédio que o cure,
O homem não vê outra saída:
- Acabo-me então com minha vida.

Sai em busca de uma corda,
Encontra no mercado sua despedida,
Vê naquele rosto sua história,
E termina então toda sua glória.

Com corda no lustre e laço na goela,
Pensa uma vez mais em sua sina,
Sem escapatória, agora só ócio,
Amarga-te a boca e mete logo o pé na quina.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Ócio

Cidade ócio
Molas-quebra
Latas-vira
Tudo pra qubrar rotina.
Lamas-para locomover.
Negro-quadro
Saias-mini
Quanto ócio, imagine!
Mole-maria
Chuva-guarda
Todos sem atenção, mas de farda.
Essa cidade meio cinza meio verde.
Deste lado, está a pinga
Deste lado, pra parede acordo,
Nessa cidade que o mofo nunca sara.

domingo, 31 de outubro de 2010

Tema: Ócio

Nem sempre se acorda com sono,
ouvindo um canto ,
despejado em desgraça do sonho
às vezes se acorda .

Cansado de ouvir, de falar
preguiçosamente se caminha de volta
feliz , apenas por caminhar e só

O pulso lento, batendo lentamente o
coração ocioso que faz apenas por obrigação
e assim prefere, quase parar

Muito forte o vento
muito seco o ar
muito quente o sol.
Preguiça.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Tema: Sobras

O telefone toca, o fio sonoro em contato com os ouvidos descarrega toda sua onda, disparando o coração e enchendo o estômago de ar.O dia todo sofrendo por essa ligação, o atender por instinto esbarra na crescente dúvida
da desilusão.
O tempo termina e o telefone mudo parece sentir no ar gélido e pesado, todas as questões levantadas naquele momento. Mesmo assim, pelo que se sabe algumas delas com respostas não parecem
satisfazer, mesmo aquela que é certa.
"Sobra dúvida nesse pequeno fio trêmulo chamado Vida"
Um pouco de tempo com café, a felicidade invade todo o local derrubando todo aquele momento filosófico e nostálgico. Atendido o telefone há uma quebra no climáx, era apenas aquela voz mecânica de um politico prometendo a satisfação total.
Que pane, que pena.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Sobras

Sobras de sóbrios em um sobradinho
que vão caminhar sem exitar.
sobre a ponte que há sobra de passos.
De sobretudo estão.
Sobram ratos por ali. Que mesmo sóbrios não sabem para onde vão.
Assim como os sóbrios que sobraram.
Sobre as sobras há carniça, confusão, escárnio e desilusão.
Sem motivos pra sobrepor. Apenas o excesso de sobriedade confunde.
Continuam a caminhar para o oposto de suas vestes e pensamentos.
O comum é o sobradinho; que nele há não-sóbrios.
Enfim chegam à perdição, a loucura. a verdade.
Chegam a essas os sóbrios dançantes alcoolizados.
Sobre aquele ânimo todo pensam: parecem saber o que querem.
O que vão pensar de nós?
Sobras.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

tema? Sobras!

E as minhas sobras?

Eu vejo tanta gente reclamando de falta e vejo tanta sobra em todo canto. Raramente não vejo as sobras do mundo. Essas não raras imagens são sobras de comida em pratos, sobras de gordura, sobra de poeira, sujeira, sobra de dedos na minha cara, sobra de sorrisos. Eu mesmo, vivo reclamando de tanta falta. Reclamo tudo que me falta e o pior, até do que me sobra. Sou tão humano que sou humano de mais, me sobra a falta de humanismo. Há humanos de sobra e o humanismo falta. Essa falta de tanta sobra, essa sobra de tanta falta me faz sobrar impaciência, e o pior mesmo é que me faz faltar a continência.

tema? Sonho!

E até aquela criança cansou de sonhar...

Meu silêncio hoje deixa de ser sonho. Perco meus pés alados, o olhar vidrado. Ele me mostra como eu me perco com tanta saudade e com igual prazer. Meu silêncio hoje é sossego, segurança. É um mudar de sentidos e um saciar-me por completo. Agora, sem nenhuma surpresa.
Silêncio! Mudo! Canta em minha mente e sussurra em meus ouvidos o momento certo.
Silêncio. Saudável. Sorrisos.
Antes sonho, hoje sobriedade!

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Sonho

(Participação especial)

Dormindo, sonhando, pensando, vivendo
Vivendo um sonho
Sonho de liberdade
Psicodélica musica no meu sonho,
Cores, vida, ar puro
Interesses, anseios, sonhos
Sonhos e mais sonhos
Com uma vida livre de pudor
Sem amarras na consciência
Sonhos que um dia se tornaram realidade
A realidade que quero que volte a ser sonho...ou não...
Acorda!!!

Fabricio Ferraz

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Sonho

Psicodelia de cores
Inconsciência
Sentido
Sem sentido
Formas sem nexo
Conexo
Cores
Anacrônico
Uma confusão
Hora boa, hora ruim
Acordo.
Suspiro.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Sonho

Sabe esse vento ? Sabe ?
É ele que te faz sentir vivo, nele está a vida.
O agora .
O despertar dessa manhã, essa luz que faz tudo parecer mais vivo.
Olhe aquela grama verde revivendo, sobrevivendo.
Nem me conte seu caso, não .
Tenho os meus, na verdade viva os seus. Vivo os meus,
Logo mudo, mútuo ao meio, faça assim aconselho.
Como partículas no ar o contato é inevitável
Mas é esse contato que gera o novo.
Bem melhor que pensar , matutar, deixar supor o irreal horrendo.
é criar.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

tema? Verdade!

Existe uma verdade que me dilacera os órgãos. Corrói.
Eu a tenho sem custo e lhe dou inteira.
...
Não! Não dou, cedo, empresto.
Desconfiando a todo tempo e retirando às vezes,
para que você não se acostume a tantas regalias.

Essa maldita que me instiga a pisar em falso é o melhor que tenho.
Maltrata-me porque eu a desdenhei, fiz pouco caso.
Agora que é meu maior pertence, estapeia-me a face, sem dó.
Verdade!Sim.
Que me tem inteira e que de tão ruim, me torna melhor ainda.

Verdade que tanto é vista com a doce vermelhidão das noites frias debaixo d'algum cobertor.
Dois pares de sapatos no chão do quarto.
Quatro horas de ansioso preparo antes daquele jantar.
Verdade que é doce aos olhos alucinados.

Verdade que não descansa e sempre espera.
Algo mais que possa pertencer não só a mim.
E que de novo comece esse ciclo.

sábado, 3 de julho de 2010

Verdade ?

Não minta,
a verdade é algo que nos alivia, simples, fácil, como é bom poder contá-la. É como se fosse retirado de dentro uma dor qualquer , porém a verdade tem a capacidade de nos deixar livres, leves, satisfeitos, novidade. Conte me que ontem foi bom, que colocou uma bela roupa e fez sentido, que aquela vodka foi excelente, que aquele beijo foi sensacional, conte me seu nome.
Não minta, invente.
Essa mesma verdade nos escolta ao enforcamento, não se diz que seu primo parece um e.t. ou que não aguenta mais esse chororo, não se conta que a pessoa é indesejável ou que ela tem te chateado, isso se fofoca. Não se diz. Nem se conta a verdade omite-se tudo para o bem, essa verdade que angustia: de dizer que ama, que odeia ou que nem parou para pensar, que é conveniente. Como vivemos mentindo , isso é uma pura verdade.
Afinal, nem todo peito aguenta uma faca de dois gumes.
Verdadeiramente.

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Tema: Verdade

"- Papai, é verdade que Deus existe?
- Mas é claro meu filho, como pode pensar algo assim?
- Mas eu nao O vejo, pai. Como o senhor sabe que é verdade?
- Porque tenho fé, sinto que ele existe. Coloquei no meu pensamento e nada vai tirar. Agora vai pra cama.
O garoto foi dormir pensando nas palavras de seu pai.
Dia seguinte foi correndo subir na mangueira. Os pés estavam carregados de manga, e delas comeu duas. Lembrou que, para seu pai, era verdade o fato de ingerir manga com leite e depois fazer mal. Pegou dos fundos da geladeira um copo de leite e tomou.
À noite perguntou ao seu pai:
- Papai, manga com leite faz mal?
- É claro que faz meu filho, já te disse isso mil vezes, nem pense em fazer isso.
- Mas hoje eu fiz. Comi duas mangas e um copo de leite.
O pai com fisionomia de raiva, porém preocupado disse:
- E não fez mal? O que você está sentindo?
- Absolutamente nada pai. Coloquei na cabeça que nao iria fazer mal e não fez. Ouvi uma palavra na escola hoje que acho que serve pra esse seu "fato": Convenção."


Escondida, buscada, sentida, incalcansável, doída, psicológica. Enfim, agnóstica.
Pode parecer exageiro mas penso assim. A verdade existe sim, mas ela está dentro de cada um de nós

terça-feira, 18 de maio de 2010

(O) Caixa !

Pobre caixa que custa ser gente,
que pede socorro a cada um que lhe passa
e nem nos olhos o olha.
Que coitado!

Sofre calado,
sem direito a palavra ou mérito...
ou abono.

Pobre deste que enlouquece no fim do dia
com tantas contas.
E conta, conta e conta!

É ele que se suja
de mil porcarias que podem existir,
ao passar por ele o papel.
É ele que se suja e ainda atura:
Atura egos, classes, humores.
E cheiros e condições.

E muito por ele passa,
do papel à gente.
Mas só passa
e nada o pertence.

Ah! Pobre caixa!
Sofre, sofre, conta e sofre!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Caixa !

Caixa de música, de agulha
Caixa de pano e algazarra
Faz bem será
Esconder toda essa farra?

Caixa que rasga e emenda
Que leva toda a encomenda
Que prende o pássaro do ar
Que está louco pra voar

Caixa que tudo encaixa
Que tapa e esconde
E guarda a mais bela faixa

Que do alambique carrega toda a cachaça
Não leva choro e nem sorriso
E nada é de graça

Caixa que tudo encaixa
Assim é a vida
Alta e baixa

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Caixa !

Essas retas que se tocam, que se unem
Formando um grupo certo, formato simples
Inutilmente usada quase sempre, proveitosa
Engenhoso invento .
Mas lá dentro como é diferente,
Privado da vida livre , preso
Limitado em algo desnecessário.

A mente desenho informe
Magnífica, esplêndida e limitada
A mente que prende
Memória frágil, chorosa,.
Melancólica
Por favor me lembre de algo
Dito inesquecível , que nem nos lembro mais.
Que nem nos sinto, digo, ouço, choro.

Tenho dito
Caixa vazia
Melhor assim
Mente livre-se
Memória esqueça de algo:
De Mim !

O limite desenhado de certo passo
com cores ou sem, se torna claramente
desnecessário, proveitoso desenho
de rumos, de inconseqüências, devaneios ou contusões....

De tudo levo isso
Uma caixa desconhecido.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

tema? Carência!

Bom é não saber o que é isso. Mas eu sei.

Sei bem, e sei que sei porque sinto.
Carente assim, sem precisar enfim.


Sem beco pra encostar, sem colo pra dormir, sem abraço pra afogar.
Carente. Falta. Falta carinho, atenção. Falta pedaço. Pedaço da gente que é o carinho do outro. Pedaço do equilíbrio que depende de outro, que não é você.

Cativação, cultivação. É assim que tudo começa.

Carência minha que não é de todo, mas de apenas uma parte. Uma Parte grande. Significante. Essencial.

Carência também temporária.
Às vezes, ela se mata com aquela parte que vem, mas logo se vai.
E assim renasce...


Lise

domingo, 21 de março de 2010

Carência, O tema:

Ei ! Um cigarro por favor...
" Um tempo medido, sem padrões lógicos
Me trouxe até aqui novamente
Esperava não te ver, mais você voltou
Sem convite, devassadora
Saudade !

Esse seu sabor doce, me vicia
Sinto como se me fosse bem.
Ao fim descubro a fraqueza
Era carência, que passa

A liberdade e o equilibro observam ao longe
Me despertam, o real
O ser individual cresce, forte
Com certeza por uns momentos
Estou em paz, monótono

Silêncio, momento de ..."

Ei ! Uma dose, pode ser de conhaque !

quarta-feira, 17 de março de 2010

Carência

...de carinho
...de atenção
...de inteligência
...de intensidade
...de colo
...de ânimo
...de coragem
...de beleza
...de abraço

Carência daquele velho sorriso...

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

tema? Tetrisoble!

Desisto ou não???
Mais de dois meses tentando e nada sai! Nada!
Vários rascunhos já foram feitos, algumas horas perdidas, algumas de estresse. Tudo por causa disso!
Porra!
Quanta incapacidade!
Mas também, que porcaria de foco.
Não, poema não é comigo.
Sendo assim, o que vou produzir?
Contar a bela história de como nasceu esse jogo idiota? Wikipédia.

E não venha me dizer que isso não passa de falta de vontade.
Não sabe o que passei por causa deste.

Não que seja ruim. Tetris é até bom. Mas ah!
Vá lá... eu nem jogo, como vou saber o suficiente pra escrever?

Que seja poético, os encaixes, as cores, as semelhanças com a vida, mas isso deixo pros poetas.

E que isso seja o suficiente!!

ò.ó

Lisonha